EXHORTAaeAO DA GUERRA [n] |
ExhortaÇÃo da Guerra†.[v] | Exhortation to War. | Interlocutores:¶ Nigromante, Zebron, Danor, Diabos, Policena, Pantasilea, Archiles, Anibal, Eytor, Cepiam. | Dramatis personae: A necromancer, Zebron and Danor, devils, Polyxena, Penthesilea, Achilles, Hannibal, Hector, Scipio. | A Tragicomedia seguinte seu nome he ExortaÇÃo da guerra. Foi representada ao muyto alto & nobre Rey dom Manoel o primeyro em Portugal deste nome na sua cidade de Lixboa na partida pera Azamor do illustre & muy magnifico senhor dÕ Gemes Duque de BarganÇa & de GuimarÃes, &c. Era de M.D.xiiij [v] annos. | The following tragicomedy is called Exhortation to War. It was played before the very high and noble King Dom Manuel I of Portugal in his city of Lisbon on the departure for Azamor of the illustrious and very magnificent Lord Dom James, Duke of Braganza, GuimarÃes, etc., in the year 1513. | ¶ Entra primeyramente hum clerigo nigromante & diz: | ¶ A necromancer priest first enters and says: | Cl. Famosos & esclarecidos principes mui preciosos, na terra vitoriosos & no ceo muyto queridos, sou clerigo natural de Portugal, venho da coua Sebila onde se esmera & estila a sotileza infernal. E venho muy copioso magico & nigromante, feyticeyro muy galante, astrologo bem auondoso. Tantas artes diabris saber quis que o mais forte diabo darey preso polo rabo ao iffante Dom Luis.[n] Sey modos dencantamentos quaes nunca soube ninguem, artes para querer bem, remedios a pensamentos. Farey de hum coraÇam duro mais que muro como brando leytoayro,[v] e farei polo contrayro que seja sempre seguro. Sou muy grande encantador, faÇo grandes marauilhas, as diabolicas sillas sam todas em meu favor: farey cousas impossiveis muy terribeis, milagres muy euidentes que he pera pasmar as gentes, visiueis & invisiueis. Farey que hu?a dama esquiua por mais Çafara que seja quando o galante a veja que ella folgue de ser viua; farey a dous namorados mui penados questem cada hum per si, & cousas farey aqui que estareis marauilhados. Farey por meo vintem que hu?a dama muito fea que de noyte sem candea nam pareÇa mal nem bem;[n] e outra fermosa & bella como estrella farey por sino forÇado que qualquer homem hÕrrado nam lhe pesasse um ella. Faruos ey mais pera verdes, por esconjuro perfeyto, que caseis todos a eyto o milhor que vos poderdes; e farey da noite dia per pura nigromanciia se o sol alumear, & farey yr polo ar toda a van fantesia. Faruos ey todos dormir em quanto o sono vos durar & faruos ey acordar sem a terra vos sentir; e farey hum namorado bem penado se amar bem de verdade que lhe dure essa vontade atee ter outro cuydado. Faruos ey que desejeis cousas que estÃo por fazer, e faruos ey receber na hora que vos desposeis, e farey que esta cidade estee pedra sobre pedra, e farey que quem nam medra nunca te? prosperidade. Farey per magicas rasas chuuas tam desatinadas que estem as telhas deytadas pelos telhados das casas; e farey a torre da See, assi grande como he, per graÇa da sua clima que tenha o alicesse ao pee & as ameas em cima. Nam me quero mais gabar. Nome de San Cebriam esconjurote Satam. Senhores nÃo espantar! Zeet zeberet zerregud zebet oo filui soter rehe zezegot relinzet oo filui soter oo chaues das profundezas abri os porros da terra! Princepe*[v] da eterna treua pareÇam tuas grandezas! conjurote Satanas, onde estaas, polo bafo dos dragÕes, pola ira dos liÕes, polo valle de Jurafas. Polo fumo peÇonhento que sae da tua cadeyra e pola ardente fugueyra, polo lago do tormento esconjurote Satam, de coraÇam, zezegot seluece soter,[n] conjurote, Lucifer, que ouÇas minha oraÇam. Polas neuoas ardentes que estam[v] nas tuas moradas, pollas poÇas[v] pouoadas de bibaras[v] & serpentes,[n] e pello amargo tormento muy sem tento que daas aos encacerados, pollos grytos dos danados que nunca cessam momento: conjurote, Berzebu, pola ceguidade Hebrayca[n] e polla malicia Judayca, com a qual te alegras tu, rezeegut Linteser[n] zamzorep tisal siroofee[v] nafezeri.[n] | Princes of most noble worth, To whom high renown is given, Who, victorious on earth, Are beloved of God in Heaven, I a priest am and my home 5 Is Portugal, From the Sibyl's cave I come Where fumes diabolical Are distilled and brought to birth. In magic and necromancy 10 I'm a skilled practitioner, A most accomplished sorcerer, Well versed in astrology. In so many a devil's art Would I have part 15 That o'er the strongest I'll prevail And just seize him by the tail And hand him to prince Luis there. Sorcerers of past time ne'er Knew the enchantments that I know, 20 Ways of making love to grow And of freeing from l
P. Quem me trouxe a este fado? | Pol. Who brought me to this destiny? | D. Esse zote escomungado te trouxe aqui onde estaas. Perguntalhe que te quer para ver. | D. That excommunicated fool, 295 Thou camest here at his suggestion. Ask him what he wants of thee, Just to see. | P. Homem, a que me trouxeste? | Pol. Why then have you brought me here? | C. Quee? ainda agora vieste e has me de responder! Declara a estes senhores, pois foste damor ferida, qual achaste nesta vida que É a moor dor das dores, e se as penas infernaes se sam aas do amor yguaes, ou se dam la mais tormentos dos que ca dam pensamentos e as penas que nos daes. | P. What, no sooner you appear 300 Than you would begin to question! Tell these lordlings instantly, Since you suffered from love's wound, What in this life here you found The greatest of all woes to be, 305 Tell them if the pains of Hell Be as deep as those of love, Or if torments there excel Those that here from love's thoughts well, Griefs that every lover prove. 310 | P. Muyto triste padecer no inferno sinto eu mas a dor que o amor me deu nunca a mais pude esqueecer. | Pol. Awful in intensity Are Hell's tortures unto me, Grievously I suffer, yet Ne'er could I love's wound forget. | C. Que manhas, que gentileza ha de ter o bom galante? | P. What the arts and qualities 315 That should a true lover grace? | P. A primeyra he ser constante, fundado todo em firmeza; nobre, secreto, calado, soffrido em ser desdaÑado, sempre aberto o coraÇÃo pera receber payxÃo mas nam pera ser mudado. Ha de ser mui liberal, todo fundado em franqueza, esta he a mor gentileza do amante natural: porque É tam desuiada ser o escasso namorado como estar fogo em geada ou hu?a cousa pintada ser o mesmo encorporado.[n] Ha de ser o seu comer dous bocados suspirando & dormir meo velando sem de todo adormecer. Ha de ter muy doces modos, humano, cortessa todos, seruir sem esperar della, que quem ama com cautela nÃo segue a te?Çam dos Godos.[n] | Pol. Constancy has the first place And resolution; and, with these, Noble must he be, discreet, Silent, patient of disdain 320 With heart e'er open to love's strain In passion's service to compete, But not to change and change again. And he must be liberal, Generous exceedingly, 325 Since there is no quality That for lovers is so meet. For to a lover avarice Is as uncongenial As would be a fire in ice 330 Or if a picture were to be Itself and its original For his food he must but take A mouthful barely, and with sighs, And when he asleeping lies 335 He must still be half awake. Very gentle-mannered he, Humane and courteous, must be And serve his lady without hope, For he who loveth grudgingly 340 Proves himself of little scope. | C. Qual he a cousa principal porque deue ser amado? | P. What his qualities among Should most bring him love for love? | P. Que seja mui esforÇado, isto he o que mais lhe val. Porque hum velho dioso,[v][n] feo e muyto tossegoso,[v] se na guerra tem boa fama com a mais fermosa dama merece de ser ditoso. Senhores guerreyros, guerreyros! & vos senhoras guerreyras bandeyras & nÃo gorgueyras lauray pera os caualeyros. Que assi nas guerras TroyÃs eu mesma & minhas irmaÃs teciamos os estandartes bordados de todas partes com diuisas mui loucaÃs. Com cantares e alegrias dauamos nossos colares e nossas joias a pares per essas capitanias. Renegay dos desfiados & dos pontos enleuados destruase aquella terra dos perros arrenegados. Oo quem vio Pantasileea com quarenta mil donzellas, armadas como as estrellas no campo de Palomea. | Pol. That he should be brave and strong, That will his best vantage prove. 345 For a man advanced in years, Ill-favoured though be and weak, If name famed in war he bears Even in the fairest lady's ears Should for him his actions speak. 350 On, on ye lords, to war, to war! And ladies not as heretofore Embroider wimples for your wear But banners for the knights to bear. For thus amid the wars of Troy 355 I and my sisters did employ Our time and all our artifice: Standards, with many a fair device Embroidered, did we weave for them; And on them lavished many a gem 360 And gaily with glad songs of joy Our necklaces we freely gave, Tiara and diadem. Then leave your points and hem-stitch leave, Your millinery and your lace, 365 And utterly from off earth's face These renegade dogs destroy. O to see Penthesilea again With forty thousand warriors, Armed maidens gleaming like the stars 370 On the Palomean plain. | C. Venha aqui: trazeyma ca. | P. Come bring her here this very hour. | Z. Deyxanos yeramaa. | Z. Cannot you leave us one instant alone? | C. Ora sus, questais fazendo? | P. What are you doing? Come on, come on. | D. O' diabo que teu encomendo [v] & quem tal poder te daa. | D. To the devil would I see you gone 375 And whoso gives you this power. | Entra Pantiselea e diz: | Penthesilea enters and says: | P. Que quereis e esta chorosa rainha Pantasilea, aa penada, triste, fea, pera corte tam fermosa? Porque me quereis vos ver diante vosso poder, rey das grandes marauilhas que com pequenas quadrilhas venceis quem quereis vencer?[n] Se eu, senhor, forra me vira, do inferno solta agora, e fora de mi senhora, meu senhor, eu vos seruira, empregara bem meus dias em vossas capitanias, & minha frecha dourada fora bem auenturada & nam nas guerras vazias. Oo famoso Portugal conhece teu bem profundo, pois inc. This play was omitted in B. Era de M.D.xiiij A. 1513 C, D, E. 25. leituairo C. 100. Princepes A. 117. estan A. 118. pocas A. 119. viboras C. 131. LisÓ fÉ C. 148. zobete C. 167. Cardial C. 221. tens-me a C. 238. bellenissima C. 260. tropel C. 346. idoso C. 347. muito socegado C. 375. Ó Diabo qu'eu t'encommendo C. 515. senhores Portugueses A.
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